terça-feira, 25 de setembro de 2007

Um conto de outono


Um conto de outono

E para o rapaz moribundo repleto de insegurança, mas ainda com um otimismo sincero dentro de si e uma alegria singela, que andava por dias serenos e noites poéticas do outono, bastava um olhar para o céu e se deparar com a arte grandiosamente talhada para criar dentro de si obras tão profundas e belas como todas aquelas estrelas posicionadas cautelosamente, o azul no seu mais puro tom, o sol embevecido de luz dando cor às maravilhas do mundo e a lua que na sua forma mais romântica lhe arrancava suspiros e também lágrimas.
Esse ar flutuante não era fruto do simples fato de ter nascido em fevereiro e ser mais um pisciano aéreo e sonhador, mas sim, tinha um nome "esse algo" que lhe dava toda essa nobreza de alma, era o nome de sua amada, Escuridão, que lhe enchia o peito de amor, carinho, companheirismo, correspondência e paz. Mas a Escuridão sempre foi assim: profunda, misteriosa, sedutora, incerta, encantadora, como um labirinto e fonte de uma insegurança ou medo descomunal quando diante da possibilidade de perdê-la apesar de toda aquela paixão que vivia dentro do rapaz moribundo.
Quando já domado o labirinto e enfraquecidos os temores só restava a segurança do amor eterno junto a quem também lhe amava e a felicidade de sua certeza. Até que no momento em que o rapaz abraçaria pela primeira vez sua amada sem nenhum remanescer de suas angústias, quando suas mãos já se tocavam, uma tempestade os arremessou para longínquas terras. Quem dera fosse a terra em que planejaram seus sonhos, nos campos floridos de suas imaginações. Mas não, ficaram longe um do outro carregando apenas o último olhar apaixonado
E o rapaz moribundo cavalga pelo mundo desesperadamente atrás de sua velha amada que com o tombo que levou perdeu a memória e naum sabe mais que rumo tomar. O antigo rumo da vida pelo amor o rapaz tenta penosamente mais uma vez trilhar e mostrar para sua amada que ela conservou dentro de si a essência de seu amor à ele e de seu amor à esse rumo que trilariam juntos. Mas ela sem responder o entristece mais.
O caminho da terra encantada ainda existe e tenta sobreviver pulsante dentro de um coração que vai morrendo com as tormentas desse mar que é a vida, o coração do rapaz moribundo, que espera ansiosamente poder olhar para tudo que um dia te fez sonhar e poder ter como motivo dessa alegria de vida, que ela ainda busca, sua amada. Escuridão, que sem entender o rapaz, continua sumida porém procurada incessantemente pelo rapaz que custe o que custar cavalgará por todos os labirintos sempre atrás desse amor profundo, belo e supremo. Até que seu coração não mais tenha forças e ele se perca no sombrio do mundo e não mais na doce escuridão.

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