sábado, 6 de outubro de 2007

O taxímetro


O Taxímetro

Estou sentado por aqui, em campos onde passei tempos tão antigos quanto cheiro de cozinha de vó, tempos de muita infância, curiosidade e velocidade. Sim, como era bom correr. Rua Turquesa é meu atual paradeiro, esquina da Rua Contria no bairro Prado onde está a casa na qual morei naqueles tempos, chamada por meus irmãos menores de “A casa vermelha”, por sinal, uma cor pela qual sou muito simpático quando ela pinta estrelas em boinas pretas.
E foi andando por essas bandas que começou uma tempestade cerebral de idéias, talvez pela expectativa do ensaio com a minha banda no dia seguinte banhada por uma “atitude Kurt Cobain” e um ar “Ernesto Che Guevara”, que se misturava com o fato da atendente do supermercado ter se dirigido a mim, da seguinte forma:

“Há que endurecer-se mas sem jamais perder a ternura, lhe parece familiar?

A boina que eu vestia e a barba sem fazer por duas semanas levaram a moça a essas palavras, as quais me deixaram muito feliz e fizeram com que naquela chuva de idéias, o trem do pensamento passeasse por trilhos teatrais e viajando por lá me veio a seguinte cena na cabeça:
Me imaginei andando numa avenida movimentada quando, de repente, um senhor começa a passar mal na calçada ao meu lado, então, corro para ajudá-lo e devido a seu estado grave dou sinal para um táxi que passava por ali.
Com muita pressa ordeno o taxista ao hospital mais próximo e ele com um sorriso amistoso responde:
-Deus vai nos ajudar
Agradeço pelas palavras de esperança, mas peço pressa ao generoso taxista, o qual disparou a seguinte frase uns duzentos metros à frente:
-Droga! Sempre me esqueço.
Logo, guia seu dedo até um pequeno botão e liga uma maquineta. O Taxímetro.
E pensando naquela inicial boa vontade do rapaz que se desmoronou como o muro de Berlim formulei a seguinte frase:
“Se tempo é dinheiro, salvemos nossas vidas”

The Clown

2 comentários:

Anônimo disse...

Perguntar o que te faz escrever,
foi maneira de tentar entender o que faz suas palavras parecerem tão espontâneas.
Lendo teu texto só me vem a resposta de que és um poeta, embutido em casca de chacho(mesmo gostando de tomar banho!)
Porque só o poeta vê no seres mais estúpidos, no pensamento vão,
a capacidade de ser poetificado.

Alice Flicts disse...

chancho*